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Foto do escritorMaila Adriely Silva

Fixação biológica de nitrogênio na soja: Como Potencializar

Atualizado: 27 de nov.


Circular Técnica - Terrena (3/2024)

 

Introdução

A soja é uma planta que possui alta exigência por nitrogênio (N) e estima-se que em média para cada tonelada de grão produzido, são necessários 80 kg de N. Para uma produtividade de 4000 kg/ha de grãos, são necessários 320 kg/ha de N (HUNGRIA; CAMPO; MENDES, 2001). Visto isso, a adubação nitrogenada nessa cultura se torna economicamente inviável e o ideal é adotar técnicas que potencializem a fixação biológica de nitrogênio (FBN).

             A FBN na soja é o processo no qual espécies de bactérias do gênero Bradyrhizobium, em simbiose com a planta, captam o N2 atmosférico e o transforma em uma forma de N assimilável, de acordo com a reação a seguir. Essa fixação acontece no interior dos nódulos e para que ela ocorra de maneira efetiva, cobalto (Co), molibdênio (Mo) e níquel (Ni) são indispensáveis.



O Mo é fundamental para o bom funcionamento da nitrogenase, enzima que converte o N2 atmosférico em NH3. Durante esse processo são geradas moléculas de H2, que perfazem um gasto de 30 a 60% da energia que poderia ser fornecida para a nitrogenase. No entanto, para reduzir esse gasto energético, algumas bactérias possuem a hidrogenase, que é enzima que quebra o H2 e fornece elétrons para a reação de FBN ocorrer (BAGINSKY et al., 2002). Nesse processo entra o Ni como indispensável, visto que a hidrogenase depende desse nutriente para o seu bom funcionamento (Figura 1).


Figura 1: Esquema da fixação biológica de nitrogênio.

Por fim, para que toda a ação da nitrogenase ocorra é necessário a ausência de oxigênio, o que é possível devido a presença da leghemoglobina. Essa proteína se liga ao oxigênio que está presente nos nódulos e o transporta sem que ele se torne tóxico. A coloração avermelhada no nódulo é um indicativo de que ele está ativo e ocorre devido à presença dessa proteína. Aqui nesse processo entra o Co, nutriente componente da cobalamina (vitamina B12), precursora da leghemoglobina (TAIZ; ZIEGER, 2004).

Para potencializar a FBN, além da inoculação com Bradyrhizobium, a adubação com CoMoNi é indispensável. A aplicação pode ser realizada via tratamento de semente (TS), sulco de semeadura ou foliar. O trabalho desenvolvido por Milleo e Casarin (2009) mostra o efeito das épocas de aplicação de CoMoNi na produtividade da soja (Tabela1). A aplicação realizada de forma parcelada em duas épocas, TS e V5, aumentou a produtividade.



Tabela 1: Formas e épocas de aplicação de CoMoNi na cultura da soja.

Tratamento

Dose (mL/ha)

Modo de aplicação

Produtividade (kg/ha)

Controle

-

-

2.887 d

Co + Mo

200

Tratamento de semente (TS)

3.854 c

Co + Mo

200

Foliar, V5 (AF)

3.808 c

Co + Mo

100 (2 aplicações)

TS + AF (V5)

4.076 b

Co + Mo + Ni

200

TS

4.209 b

Co + Mo + Ni

200

Foliar, V5

4.269 b

Co + Mo + Ni

100 (2 aplicações)

TS + AF (V5)

4.441 a

CV (%)

 


3,39

Fonte: Milleo e Casarin (2009)


Apesar da nodulação ocorrer no início do desenvolvimento da cultura, os picos de maior atividade acontecem no período reprodutivo, durante o florescimento pleno e o enchimento de grãos (fases R2 e R5.3) (Figura 2) (CAMARA, 2014). Os nódulos possuem uma vida útil média de 6 a 8 semanas e quanto maior a sua longevidade mais N será fixado.


Figura 2: Número total de nódulos e massa seca total de nódulos durante o período de desenvolvimento da cultura da soja. Fonte: Adaptado de Camara (2014).

Para o fornecimento de CoMoNi o Mutto, fertilizante da Linha Estímulo (Nutrição Foliar Terrena) é uma excelente alternativa. Além disso, o Mutto possui enxofre na composição e compostos orgânicos, que atuam fornecendo bioestímulos aumentando a tolerância da planta a estresses abióticos. Ele pode ser aplicado no sulco de semeadura, via micron, ou na folha, em épocas estratégicas para a nodulação, como V4, R2 ou R5.


Com avaliar a nodulação?

É possível evidenciar a formação dos primeiros nódulos por volta de cinco a oito dias após a emergência da soja, podendo observar de quatro a oito nódulos bem formados até 12 dias de emergência. Quando a soja entra em seu período de florescimento (R1), momento de elevada demanda de nitrogênio (N) pela planta, é desejado encontrar entre 15 e 30 nódulos na raiz principal ou 100 a 200 mg de nódulos secos por planta (HUNGRIA et al., 2001). Uma forma prática de determinar se os nódulos estão ativos, inativos ou mortos, é através de sua coloração (Figura 3). Se o interior dos nódulos estiver com coloração avermelhada/rosácea, ele está ativo. Caso esteja com coloração esverdeada, está inativo (possibilidade de voltar a assimilar N novamente) e, coloração preta, está morto. 

Figura 3: Nódulos com coloração rosácea, indicando que estão ativos.

Reinoculação

Em condições em que a nodulação da soja é afetada, a reinoculação com Bradyrhizobium é importante. Para isso o ideal é que tenha umidade e baixa temperatura no momento da aplicação. Uma alternativa é realizar a aplicação via barra nas horas de temperatura mais amena e, em áreas irrigadas, ligar o pivô logo após para incorporar as bactérias no solo.


 
Referencial bibliográfico:
BAGINSKY, C.; BRITO, B.; IMPERIAL, J.; PALACIOS, J. M.; RUIZ-ARGÜESO, T. Diversity and evolution of hydrogenase systems in rhizobia. Applied and Environmental Microbiology, v. 68, n. 10, p. 4915-4924, 2002.
CAMARA, G. M. de S.; Fixação biológica de nitrogênio em soja. Informações Agronômicas, nº 147, setembro, 2014.
HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. Fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja. Circular Técnica – Embrapa Soja, Londrina: Embrapa Soja, ISSN 1517-0187; n.13, 2001.
TAIZ, L.; ZIEGER, E. Fisiologia vegetal. Trad. SANTARÉM, E.R. et al., 3° ed., Porto Alegre: Artemed, 2004, p.719.

Colaboração:
Arthur Nasser de Carvalho

Revisão:
Igor Modesto Soares de Oliveira
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